terça-feira, abril 27

Down in a local bar

Out on the Boulevard
The sound of an old guitar
Is saving you from sinking
It's a long way down, It's a long way


Back like you never broke
You tell a dirty joke
He touches your leg
And thinks He's getting close
For now you let him
Just this once
Just for now
And just like that
It's over.


Don't turn away
Dry your eyes, dry your eyes
Don't be afraid
But keep it all inside, all inside

When you fall apart
Dry your eyes, dry your eyes
Life is always hard
For the Belle of the Boulevard

http://www.youtube.com/watch?v=DOE4CX3BNBM&feature=player_embedded











<3

sábado, abril 24

queimadura de 3º grau

Mudei de sistema (por agora).

Fartei-me do calor. Sai do autocarro cedo demais e pedi boleia. Fiquei ali horas, ninguem me quis valer e eu que gritava !
Hoje em dia ninguem é por ninguem , já não somos.
Estava abafado e eu fervia, vendo ferver as filas de automoveis que me ignoravam e que se prolongavam como se nao houvesse amanha.
Passei ali o dia inteirinho. Os rostos das pessoas que me olhavam por de dentro dos luxuosos carroes, faziam com que eu tivesse medo de pedir boleia. Projectavam egoismo e ignorancia, mostravam o verdadeiro motivo porque já não somos, a sério já não somos.
Chegou a noite e sentei-me. Continuei a esticar o braço e o polegar mesmo sabendo que já não estava lá. Pensava que ainda ''era''. As filas de carros tinham desaparecido e o calor também, estava só e adormeci.
No dia seguinte apanhei o autocarro, reparei que as caras tinham mudado mas a expressão era a mesma, já não eram nada, já não eram por ninguem.
Sentei-me no alpendre e olhei para o espaço. Quando voltei ao mundo, percebi que também já não era, questionando-me quantos como eu existiram. Questionando-me a cerca do dia que nos tinhamos tornado assim. Já não sou.

quarta-feira, março 10

Lisbon Revisited.


Não: não quero nada.Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!Não me falem em moral!Tirem-me daqui a metafisica!Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistasDas ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) ­Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.Assim, como sou, tenham paciência!Vão para o diabo sem mim,Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço! Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.Já disse que sou sozinho! Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
Ó céu azul ­ o mesmo da minha infância ­, Eterna verdade vazia e perfeita!Ó macio Tejo ancestral e mudo,Pequena verdade onde o céu se reflecte!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje! Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo…E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!



Álvaro de Campos
(Fantástico não é ?)

sábado, fevereiro 27

Egoismo.


Os fins não justificam os meios. Foi ingenuidade , foi chuva , foi vingança , foste tu quem ficou para trás ?
Ou fui eu ?

sábado, outubro 17

Partir para ficar - Linda Martini


Mãe, eu quero ficar sozinho. Mãe, não quero pensar mais. Mãe, eu quero morrer mãe.

Eu quero desnascer, ir-me embora, sem sequer ter que me ir embora.
Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim.
Outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo,de quê mãe?
Diz, são coisas que se me perguntem?
Não pode haverrazão para tanto sofrimento.
E se inventássemos o mar de volta , e se inventássemos partir , para regressar ?

Partir e aí nessa viagem ressuscitar da morte ás arrecuas que me deste.
Partida para ganhar , partida de acordar , abrir os olhos , numa ânsia colectiva de tudo fecundar , terra , mar, mãe.
Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias.
Lembrar cada lágrima, cada abraço , cada morte , cada traição.

Partir aqui com a ciência toda do passado , partir , aqui , para ficar.