sábado, abril 24

queimadura de 3º grau

Mudei de sistema (por agora).

Fartei-me do calor. Sai do autocarro cedo demais e pedi boleia. Fiquei ali horas, ninguem me quis valer e eu que gritava !
Hoje em dia ninguem é por ninguem , já não somos.
Estava abafado e eu fervia, vendo ferver as filas de automoveis que me ignoravam e que se prolongavam como se nao houvesse amanha.
Passei ali o dia inteirinho. Os rostos das pessoas que me olhavam por de dentro dos luxuosos carroes, faziam com que eu tivesse medo de pedir boleia. Projectavam egoismo e ignorancia, mostravam o verdadeiro motivo porque já não somos, a sério já não somos.
Chegou a noite e sentei-me. Continuei a esticar o braço e o polegar mesmo sabendo que já não estava lá. Pensava que ainda ''era''. As filas de carros tinham desaparecido e o calor também, estava só e adormeci.
No dia seguinte apanhei o autocarro, reparei que as caras tinham mudado mas a expressão era a mesma, já não eram nada, já não eram por ninguem.
Sentei-me no alpendre e olhei para o espaço. Quando voltei ao mundo, percebi que também já não era, questionando-me quantos como eu existiram. Questionando-me a cerca do dia que nos tinhamos tornado assim. Já não sou.

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